segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Extravaso-me em desvios líricos, simplifico-me a tempo de eternizar tua imagem na retina e me divido entre tua busca e meus cuidados de não–invasão. Como se na intimidade houvesse regras, ou estar próximo fosse um segredo inviolável capaz de — revelado — despertar a cólera dos deuses. Enquanto a licitude aponta, em acessos de cólera, a novos pecados capitais, seu dedo acusador me escolhe como exemplo criminoso e desdenho qualquer possibilidade de clemência. Desnudo-me sem pejo e acredito que assim revelo-me sem tecer disfarces, queimo roupagens e máscaras como o aventureiro que ateia fogo às suas naus para tornar irreversível a viagem ao desconhecido. Não cedo aos impulsos burocráticos e comportados, deixo que os delírios me levem a alguma revelação, qualquer uma que não faça concessões. Entrego-me e me integro, como parte de um ritual destinado a exorcizar os medos mais secretos, ou como alguém que — cético — busca caminhos de uma fé renovadora. Porque quando todos os artifícios se revelarem nulos para a certeza da trilha, possa voltar — cego — ao ponto de partida.

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